Tribuna Ribeirão
Artigos

Uma joia raríssima chamada Marina 

Edwaldo Arantes *
[email protected]

Minha filha foi minha parceira desde “pititinha”, sempre me acompanhou, cresceu a minha imagem e semelhança, eu palmeirense fanático, ela corintiana doente, quando  havia jogos íamos ao estádio, sentávamos lado a lado na torcida do Corinthians, só não vestia a camisa, seria duro demais.

Fizemos nossa primeira viagem, ela com três aninhos a Paraty, depois, foram inúmeros os lugares, me lembro com saudade, mas aliviado de tantos e tantos acontecimentos que procuro narrar agora. Em uma viagem a Porto Seguro, ficamos em Arraial D’Ajuda, cidade próxima onde foi construído um parque aquático imenso com diversas atividades recreativas.

Um rio artificial onde as pessoas sentadas em bóias davam voltas, ela passava em sua bóia, abanava as mãos, sorria,  uma, duas, três, quatro voltas, na quinta a bóia veio sozinha.

Entrei em desespero, pedi socorro aos salva-vidas e a todos os Santos, saímos procurando em toda a parte, depois de  muito rodar, a encontramos brincando feliz da vida, havia descido em outra parada ao avistar um carrossel.

Uma vez em Búzios, eu na areia não tirava os olhos dela, em um segundo ela desapareceu, procurei na água de um azul celeste,  nadei, corri, tropecei, gritei, desesperei,  o coração disparado, depois de muito procurar  a avistamos,  sentada em um banquinho ao lado de um carrinho de lanches, uma coxa de frango nas mãos, toda cheia de areia, junto com uma amiguinha, filha da vendedora que ela havia conhecido.

Fizemos uma viagem de carro ao Rio de Janeiro, ela tinha uns seis, sete anos, seu avô, Dr. Sérgio Roxo, Advogado,  Professor, Procurador de Justiça Aposentado e destacado  intelectual. A certa altura, a Má fez um pedido: Vô! coloque o CD do Gardel, foi demais. Cresceu ouvindo Bossa Nova e  música clássica, uma  leitora voraz, nossa biblioteca foi construída juntos.

Cursando o terceiro colegial, conversamos sobre os vestibulares, decidiu cursar Nutrição, optamos pela  UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Às vésperas do vestibular, fomos a Uberaba, nos hospedamos no tradicional “Hotel Tamareiras”, arquitetura no estilo Mouro-Florentino, lustres de Cristal Baccarat, pisos e azulejos portugueses, finíssimo restaurante com cadeiras em madeira de Cedro, louças em porcelana Limoges, talheres em prata da Christofè, taças da “Bohemia Crystal”,  garçons trajando   gravatas borboletas pretas e  paletós vermelhos.  O “maître,  terno preto, um piano de cauda,  tocado com suavidade e harmonia, jantar a luz de velas completando o charme  do lugar. No outro dia,  o vestibular. Ao término,   indaguei:  como foi?   Monossilábica e discreta, assim agia:  Quer sorvete? -Tomo. Quer um lanche? -Como. E  as questões? -Boas.

Saindo o resultado, infelizmente seu nome não constava  nos aprovados, iniciou o pré-vestibular. Alguns dias depois o coordenador adentrou a sala de aula chamando pela Marina Roxo, ela levou um susto enorme, imaginando as piores situações. 
No corredor, um grupo de professores a esperavam, havia saído a  primeira lista de espera e seu nome nela. 

Uma correria danada para a matrícula, busca dos históricos,  documentos e um  exame de sangue, onde  o resultado era imprescindível para o mesmo dia. O Laboratório foi eficiente, entregando  em cinco horas.

Rumamos a Universidade, matrícula, moradia, abertura de  contas bancárias e  as  incumbências necessárias ao momento.

Retornando a Ribeirão, realizamos a comemoração com amigos, amigas, avós e  família em  um churrasco e piscina.

Entre sorrisos, abraços, ovos pelo corpo e brincadeiras, foi escrito na testa linda, UFTM.

Nossa amizade, relação, confiança, cumplicidade e amor  perduram até hoje, amiga, parceira, conselheira, confidente,  sempre presente. Falamos praticamente todos os dias. 

Marina é uma brilhante e destacada jornalista, descobriu sua verdadeira vocação, exerce-a com competência e talento.

As perguntas e questionamentos agora a ela pertencem:  Almoçou? Tomou os remédios? Tem medido a pressão?  Dormiu bem? Descansou? Não beba, viu!

Minha memória com os dias vividos ao seu lado:  viagens, reuniões de pais, aniversários, febres, boletins e o trilhar dos anos desde a tenra infância até a mulher realizada e feliz.

Minha filha! Meu tesouro, joia rara, porto seguro, protetora e anjo da guarda.

* Agente cultural 

 

 

  

 

Postagens relacionadas

Nuno M. M. S. Coelho

Redação 1

Os cuidados com as notas explicativas

Redação 1

Lisboa, simplesmente Lisboa

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade