Tribuna Ribeirão
Economia

Salário de mulher é 19,9% inferior

© José Cruz/Agência Brasil

As mulheres ainda ganha­vam 19,9% a menos do que os homens no mercado de tra­balho no ano de 2021, segun­do levantamento da Funda­ção Getulio Vargas (FGV). A disparidade salarial era ainda maior entre os profissionais com mais anos de instrução: entre os trabalhadores com ensino superior completo, elas ganhavam 36,4% me­nos do que os homens com o mesmo grau de ensino.

O rendimento médio ha­bitual das mulheres foi de R$ 2.255 em 2021, contra R$ 2.815 dos homens. Con­siderando apenas os traba­lhadores ocupados que con­cluíram o ensino superior, a renda média subia a R$ 6.647 entre os homens, contra um resultado de R$ 4.228 para as mulheres.

O estudo da FGV foi ela­borado a partir dos microda­dos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Con­tínua (Pnad Contínua), apura­da pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Janaína Feijó, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Econo­mia da FGV (Ibre/FGV), co­menta os dados.

“Nas faixas de salários baixos, nós temos menos desigual­dade quanto à participação de homens e mulheres, mas quando você analisa o topo da distribuição (de renda), ele é composto predominantemen­te por homens”, aponta.

No quarto trimestre do ano passado, entre os 10% dos tra­balhadores mais bem remune­rados, somente 35% eram mu­lheres, e 65% eram homens. Já entre os 10% com rendimentos mais baixos, 55% eram mulhe­res, e 45% eram homens.

Se considerados apenas os trabalhadores ocupados com ensino superior com­pleto, na faixa dos 10% com rendimentos mais baixos no quarto trimestre de 2021, 72% eram mulheres, contra apenas 28% de homens. Na direção oposta, entre os 10% mais bem remunerados, so­mente 28% eram mulheres, contra 72% de homens.

“Nas faixas mais altas de salários, as mulheres passam a estar mais sub-representa­das”, ressalta a pesquisadora do Ibre/FGV. Ela explica que uma das razões para essa dis­paridade salarial é o fato de as mulheres com ensino superior serem maioria em profissões que exigem ensino técnico ou superior, porém pagam remu­nerações mais baixas.

É o caso de trabalhadores de serviços de informação ao cliente (77,0% eram mulheres, contra 23,0% de homens), téc­nicos e assistentes veterinários (92,6% de mulheres) e secretá­rios (86,9% de mulheres). “Elas estão alocadas em profissões que remuneram menos”, justi­fica Janaína Feijó.

O mercado de trabalho tinha 11,4 milhões de mu­lheres ocupadas com ensi­no superior completo e 9,6 milhões de homens com o mesmo grau de instrução, somando 21,0 milhões de trabalhadores. Entre os 1,532 milhão de desempregados com ensino superior comple­to, 576,5 mil eram homens e 956,2 mil eram mulheres.

A taxa de desemprego no país desceu de 13,74% na mé­dia de 2020 para 13,20% na média de 2021. A melhora foi exclusivamente puxada pelos homens, cuja taxa de desem­prego caiu de 11,82% em 2020 para 10,71% em 2021, ao passo que para as mulheres houve piora, de 16,26% para 16,45%.

O resultado revela que as mulheres ainda se encontram em uma situação muito crítica no mercado de trabalho, apon­ta a FGV. Embora a taxa de de­semprego das mulheres tenha sido superior à dos homens desde o início da série históri­ca da Pnad Contínua, em 2012, essa diferença se acentuou em 2021 para o maior patamar já visto: 5,74 pontos percentuais.

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