Tribuna Ribeirão
Política

Prefeitura licita obras do Arena e Lar Santana

FOTOS: JF PIMENTA/ ARQUIVO

A prefeitura de Ribeirão Preto publicou, no Diário Ofi­cial do Município (DOM) de sexta-feira, 6 de março, o edital de licitação nº 02/2020 na mo­dalidade tomada de preços para obras de reforma e revitaliza­ção do Teatro de Arena Jaime Zeiger, no Jardim Mosteiro. O valor da intervenção é esti­mado em R$ 795.909,91 e as propostas devem ser entregues até as 8h30 de 25 de março, no Departamento de Materiais e Licitações – Divisão de Com­pras da Secretaria Municipal da Administração, na Via São Bento s/nº, no Jardim Mostei­ro. Os envelopes serão abertos às nove horas do mesmo dia.

No mesmo local as empresas podem retirar o edital, que tam­bém está disponível na íntegra no portal www.ribeiraopreto.sp. gov.br, da prefeitura de Ribeirão Preto. Em 2018, o prefeito Du­arte Nogueira Júnior (PSDB) promulgou a lei nº 14.233, de 21 de setembro, que autorizava a prefeitura de Ribeirão Preto a abrir crédito especial no valor de R$ 775,96 mil para execu­ção da reforma no Teatro de Arena Jaime Zeiger.

A destinação dos recur­sos vem do convênio nº 870.267/2018, celebrado entre a União, por intermédio do Ministério de Turismo, e o mu­nicípio, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, em 4 de julho do mesmo ano. Nogueira e os secretários Edmilson Do­mingues (Turismo) e Isabella Pessotti (Cultura), ao lado do verador Alessandro Maraca (MDB), chegaram a anunciar o cronograma de obras no Teatro de Arena, um dos cartões pos­tais de Ribeirão Preto, no Morro do São Bento.

O MTur ficou de repassar R$ 768,2 mil – a prefeitura entraria com contrapartida de R$ 7,76 mil, totalizando R$ 775,96 mil. Porém, por causa da legislação eleitoral, a licitação e o início das obras foram postergados. Na época, o contrato previa R$ 7,76 mil para obras e instalações, R$ 65 mil para outros serviços, R$ 80 mil para equipamento e ma­terial permanente e R$ 623,2 mil para obras e instalações. O prefeito chegou a assinar con­trato com a Caixa Econômica Federal para viabilizar o repas­se. O superintendente regional do banco estatal, Demerval Prado Júnior, esteve com No­gueira no Teatro de Arena.

A reforma prevê obras de revitalização e modernização do espaço cultural, que nos últimos anos foi alvo de depre­dação e furtos. A verba foi soli­citada ao MTur pelo deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) junto ao MTur. Os recursos serão aplicados na recupera­ção e na reposição da fiação elétrica e dos equipamentos hidráulicos, na substituição e na renovação do elevador para atendimento da acessibilidade, sistema de câmera de circuito fechado para monitoramento e segurança, revitalização e mo­dernização do espaço.

Alvo de uma reforma de R$ 1,3 milhão entre 2012 e 2013, o Teatro de Arena foi vítima de inúmeros furtos de fiação elétrica e acabou interditado em agosto de 2016. Nesse pe­ríodo, até o elevador destinado para pessoas com necessidades especiais foi furtado. Vândalos também levaram torneiras, maçanetas, mobiliário, pe­ças de louça e até o painel de controle da energia elétrica. Depois da reforma, o local foi reformado e aberto ao público em 2014, quando contou com 27 apresentações diversas. O mesmo aconteceu no ano pos­terior, quando foi fechado.

O Teatro de Arena comple­tou 50 anos em 2019. Foi inau­gurado em 1969, idealizado e construído por Jaime Zeiger numa meia-encosta, em uma área de aproximadamente seis mil metros quadrados. Zeiger realizou pesquisas em vários pa­íses da Europa e Oriente Médio para a escolha do local ideal: to­pografia que favoreceria a quali­dade acústica do teatro.

Em 2018, autoridades anunciaram a liberação de recursos por parte do Ministério do Turismo para reforma e revitalização do Teatro de Arena

Foi o primeiro teatro de arena construído no interior do estado de São Paulo. A peça “Antígona” (de Sófacles) foi o primeiro espetáculo teatral apre­sentado no espaço cultural. Em 1980, o local ganhou o nome de seu idealizador, Jaime Zei­ger. Em 1986, 17 anos depois da abertura, passou pela primeira grande reforma. O espaço foi reinaugurado um ano depois, em 1987, com show de Jorge Mautner e Nelson Jacobina.

Também já passaram pelo palco do Arena nomes como Gilberto Gil, Vinicius de Morais, João Gilberto, Novos Baianos, Cartola e Os Mutantes. O último nome de peso a se apresentar no local foi Paulinho da Viola, em 2015. A arquibancada do Are­na possui 15 degraus e abriga duas mil pessoas sentadas. Até a reforma em 2013, o palco era cercado por um fosso d’água. Após a intervenção, o local foi preenchido com pedras brancas.

Lar Santana também passará por reforma
A prefeitura de Ribeirão Preto vai reformar o imóvel do antigo Lar Santana, localizado na rua Conselheiro Dantas nº 984, na Vila Tibério, Zona Oeste da cidade. O edital de li­citação foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de sexta-feira, 6 de março, e as obras estão orçadas em R$ 1,15 milhão. As propostas devem ser entregues até as 8h30 de 24 de março, no Departamento de Materiais e Licitações – Di­visão de Compras da Secreta­ria Municipal da Administra­ção, na Via São Bento s/nº, no Jardim Mosteiro. Os envelopes serão abertos às nove horas do mesmo dia.

No mesmo local as empre­sas podem retirar o edital, que também está disponível na ín­tegra no portal www.ribeira­opreto.sp.gov.br, da prefeitura de Ribeirão Preto. No ano pas­sado, a Câmara de Vereadores aprovou relatório da Comissão Especial de Estudos (CEE) que acompanha a ocupação e a destinação do Lar Santana para sediar equipamento pú­blico. O documento final foi lido em plenário. A conclu­são é de que o antigo prédio, fechado desde dezembro de 2016, sofre com a depredação, furtos, roubos e sujeira, cau­sando prejuízo ao imóvel e aos moradores da vizinhança.

O foco da comissão, criada em abril de 2018, era analisar os motivos do abandono do prédio e os possíveis riscos de deterioração e invasão do imó­vel pertencente ao município. Também investigou porque as promessas feitas pela prefei­tura de Ribeirão Preto, de dar uma destinação ao local, não foram cumpridas. Participa­ram da CEE do Lar Santana os vereadores Alessandro Maraca (MDB, presidente e relator), Elizeu Rocha (Progressistas) e André Trindade (DEM).

Lar Santana: edital de licitação foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de sexta-feira, 6 de março, e as obras estão orçadas em R$ 1,15 milhão

O relatório foi encaminha­do à prefeitura de Ribeirão Preto, ao Ministério Público Estadual e ao Grupo Amigos do Arquivo Público, que pre­tendia usar o imóvel como sede. Em depoimento na Câmara de Vereadores, em 11 de junho do ano passado, o secretário muni­cipal de Planejamento e Gestão Pública, Edsom Ortega, afirmou que a ocupação do imóvel onde funcionou o Lar Santana de­pende de recursos e que neste momento eles não existem.

O imóvel já foi citado como futura nova sede da Secretaria Municipal da Saúde e depois como a sede do Museu da Ima­gem e do Som (MIS) de Ribei­rão Preto. Segundo Ortega, o imóvel tem problemas estru­turais e de acessibilidade que precisam ser resolvidos para depois o município ocupá-lo. Fundado em 18 de janeiro de 1948, o Lar Santana nas­ceu com a missão de acolher crianças carentes. O orfanato sobreviveu durante décadas, até que em dezembro de 2014 a Ordem das Franciscanas anunciou sua desativação. Na ocasião, a instituição religiosa citou os três principais motivos para fechamento.

São eles a missão de aten­der crianças carentes ficou pre­judicada por estar localizada, agora, distante da periferia; as vocações ficaram escassas e a escola era tocada por apenas três freiras, já idosas; o alto custo do investimento neces­sário para atender a exigência de adequação do prédio, por parte do Corpo de Bombeiros, e para a reforma da estrutura para atender as normas vigen­tes de acessibilidade.

Em 2015 a congregação optou pelo fechamento, já que o prédio de mais de 70 anos exigia um elevado investimen­to para a renovação do alvará do Corpo de Bombeiros. No mesmo ano o prédio foi tom­bado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). A Câ­mara aprovou a lei ordinária municipal nº 13.432, de 22 de janeiro de 2015, instituindo o imóvel como patrimônio cul­tural, histórico e arquitetônico do município.

Em 2016 a Câmara apro­vou a permuta do imóvel com dois terrenos municipais de valor de mercado equivalente (cerca de R$ 6 milhões) – lei complementar nº 2.791, de 31 de agosto. O Lar Santana tem grande valor histórico por sua importância para a Vila Tibé­rio e também por ter ocorrido lá a única prisão de uma reli­giosa feita pelo regime militar – em 1969 a ditadura prendeu a madre Maurina Borges da Silveira, depois torturada e ví­tima de assédio sexual na dele­gacia seccional de Polícia. Seus torturadores foram inclusive ex-comungados pela Igreja Católica. Libertada, banida do país e asilada no México, ma­dre Maurina retornou ao Bra­sil e faleceu em 2011.

O agora próprio público municipal localiza-se no qua­drilátero das ruas Conselheiro Dantas, Aurora, Jorge Lobato e Conselheiro Saraiva, totali­zando 7.863,38 metros qua­drados, tendo sido avaliado em R$ 5.970.954,13. Madre Maurina Borges da Silveira, a freira presa, acusada de sub­versão, torturada e banida do país durante a ditadura militar, morreu em março de 2011, em Araraquara, onde vivia num convento de sua comunidade, a Congregação das Irmãs Francis­canas da Imaculada Conceição. A freira tinha 84 anos e sofria do Mal de Alzheimer.

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