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O desejo da maternidade como motivação para vencer o câncer de mama 

A dermatologista Fernanda Pizzarro, aos 36 anos, já tinha começado sua jornada em busca da maternidade. A rotina agitada da médica dedicada era entrelaçada com a esperança de construir uma família. Porém, aos 37, um diagnóstico de câncer de mama lançou uma sombra sobre seus sonhos, envolvendo-a no redemoinho de incertezas e medos insondáveis.

Fernanda se viu diante de um dilema: não apenas a ameaça de não poder ser mãe, mas também a possibilidade de perder a própria vida.  O tratamento oncológico, que inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia, é essencial para a busca da cura. No entanto, esses procedimentos podem comprometer total ou parcialmente a fertilidade em, pelo menos, cerca de 40% a 50% dos casos.

Dra. Camila Vidal: “a taxa de infertilidade pós-tratamento oncológico varia por diversos fatores” (Reprodução)

De acordo com a Dra. Camila Vidal, ginecologista especialista em reprodução humana, do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (Ceferp), a taxa de infertilidade pós-tratamento oncológico varia conforme diversos fatores. “A quimioterapia, por exemplo, pode ter feitos diferentes dependendo da droga utilizada, método de administração e idade da paciente”, explica a médica.

O câncer de mama é bastante comum. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previstos 73.610 novos casos para o ano de 2023 no Brasil, afetando muitas mulheres em idade fértil, ou seja, aquelas que ainda têm ciclo menstrual regular e podem engravidar.

Com o apoio da Dra Camila e do Dr. Jorge Barreto, Fernanda tomou uma decisão que viria a se mostrar crucial em sua jornada. Com a esperança de preservar seu sonho de ser mãe, antes de enfrentar a quimioterapia, escolheu congelar seus óvulos. “A escolha da paciente em preservar sua fertilidade antes da quimioterapia foi um passo crucial. Para mulheres enfrentando tratamentos agressivos como ela, esse procedimento é essencial”, explica o médico.

Um passo de cada vez

coragem e determinação (Reprodução)

A batalha que se seguiu foi intensa. A dermatologista enfrentou cada sessão de tratamento com a determinação de quem carrega consigo não apenas o desejo de viver, mas também o sonho de se tornar mãe. Cada dia era prova de força, demonstração de que a vida e a maternidade estavam intrinsecamente entrelaçadas em seu coração.

Após superar o câncer aos 39 anos, a médica recebeu a luz verde do oncologista para buscar a maternidade. Com a transferência de dois embriões previamente preservados, ela finalmente recebeu a notícia que tanto esperava – um teste de gravidez positivo! Hoje, uma menina de três anos é a prova viva do poder do amor, da ciência e da determinação.

A filha de Fernanda é a personificação da vitória. “Cada sessão de tratamento foi uma prova de força. Vencer o câncer aos 39 abriu caminho para a maternidade. Hoje, minha é a realização de um sonho”, comemora a médica.

Preservação da Fertilidade pós-tratamento

Dr. Jorge: “É importante ressaltar que a preservação da fertilidade não compromete o resultado oncológico” (Reprodução)

Para preservar a fertilidade de pacientes que vão passar por tratamento de câncer de mama existem duas opções. Elas podem escolher passar pelo processo de estimulação ovariana controlada, utilizando indutores hormonais para captação de óvulos maduros, que poderão ser armazenados por congelamento ou submetidos à fertilização in vitro (FIV) com congelamento dos embriões; ou congelamento de tecido ovariano: nos casos de meninas antes da puberdade, principalmente. 

“É importante ressaltar que a preservação da fertilidade não compromete o resultado oncológico e oferece oportunidade valiosa para mulheres que desejam planejar sua família no futuro”, destaca Dr. Jorge Barreto, outro especialista na biotecnologia. O tempo necessário para a estimulação ovariana controlada para a FIV geralmente varia de 10 a 14 dias, dependendo da fase do ciclo menstrual da paciente no momento do planejamento e início do tratamento. “Para otimizar o tempo, a estimulação ovariana pode ser iniciada em qualquer fase do ciclo, mesmo durante a complementação dos exames para o tratamento oncológico. O importante é o encaminhamento em momento oportuno pelo médico oncologista”, explica.

O Dr. Barreto, enfatiza a importância de oferecer opções de preservação da fertilidade a mulheres enfrentando tratamentos agressivos contra o câncer. Ele ressalta: “Fernanda é exemplo inspirador de como a determinação e a medicina reprodutiva podem unir forças para realizar sonhos”.  Para ele, esta história é um farol de esperança para todas as mulheres que enfrentam desafios semelhantes. Ela não apenas desafiou as probabilidades, mas também abriu portas para um futuro de possibilidades para outras mulheres. 

 

 

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