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Monte Nebo

O Monte Nebo figura como o ponto final da fuga em­preendida pelos israelitas do Egito para a Terra Prometida, então comandados por Moisés, atravessando a pé a imensa península arábica. Vários ângulos podem ser examinados para quem hoje chega ao cume do Monte Nebo.

O primeiro deles destaca a relação jurídica mantida en­tre Deus e Moisés durante a longa caminhada. Tem como ponto de partida a sua essência. A leitura da Bíblia reflete que durante o percurso quase toda a estrutura jurídica obedecida pelos israelitas tem como fonte geradora o dita­do realizado por Deus a Moisés.

Povo que caminha não tem casa, não gerando direito de propriedade e nem mesmo vínculo de parentesco. A con­vivência precária era disciplinada por Deus. Após encon­trar a Terra Prometida os israelitas passaram a disciplinar juridicamente suas relações individuais ou coletivas. Vale a pena anotar que a questão já teve relevo em concurso de ingresso para a carreira diplomática.

Por outro ângulo, no momento em que alguém chega até hoje no Monte Nebo, enxerga lá embaixo o Rio Jordão e a cidade de Jericó. Trata-se do mesmo panorama visto então pelos israelitas. Os habitantes de Jericó já viviam numa cidade cercada por muralhas e conheciam pelo menos algumas relações comerciais. Tanto assim que ali já existia a prostituição. Naquela época os israelitas eram andarilhos, enquanto os habitantes de Jericó já conviviam numa sociedade urbana.

O Deus bíblico determinou a Moisés que cercasse Jeri­có até que, por sua força, as muralhas caíssem por terra. O Senhor ordenou aos israelitas que destruíssem todos os seres vivos encontrados, “até os cabritos”, o que foi cumprido. A prostituta Raab sobreviveu porque era amiga dos invasores.

Quem, nos dias de hoje, chega ao Monte Nebo, encon­tra um monumento no qual se lê em latim: “UNUS DEUS, PATER OMNES, SUPER OMNES” (“Um só Deus, Pai de Todos, sobre Todos”). Curiosamente, o Monte Nebo é área de soberania árabe. Escrever em latim numa área árabe!

Mas o sentido da frase universaliza a imagem do único Deus tanto para os católicos, como para protestantes, judeus e árabes que vivem sob religiões monoteístas: todos sob o mesmo Deus. Se todas as religiões monoteístas ado­ram o mesmo Deus, qual é a razão pela qual uns matam os outros desde a antiguidade até hoje? O Papa Ratzinger, recentemente falecido, sempre destacou o sentido da frase bíblica, espelhando nela um importante vínculo entre o conhecimento religioso e o conhecimento racional.

A narrativa bíblica revela ainda que no Monte Nebo, Deus deu a Moisés ordem para outorgar a liderança dos is­raelitas a Josué. Cumprida a ordem, Deus autorizou Moisés olhar, lá do alto do Monte Nebo, a Terra Prometida, sem que colocasse os pés nela. Em seguida foi retirada a vida de Moisés, o mais extraordinário de todos os profetas.

Naquelas alturas, foi erigido um monumento a Moisés: o seu báculo, onde se vê enrolada a figura de uma cobra. A sociedade médica adotou o báculo de Moisés como seu emblema universal, como está demonstrado nas alturas do intrigante Monte Nebo que, como se percebe, tende à universalização do conhecimento humano.

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