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Histórias da meia noite de Ribeirão de outrora
A nossa cidade quando do término da época do café crescia aos poucos. Já não possuía a força econômica que influen­ciou até na escolha de presidente da república, governadores, interventores e prefeitos. Embora sem a pujança dos outros tempos, o Cassino Antárctica do Cassoulet era um farol para profissionais das mais diferentes graduações. No setor de advocacia havia um grupo de profissionais gabaritados que defendia causas robustas e recebia a contrapartida do traba­lho desenvolvido. Referidos profissionais se reuniam à noi­te diante do Jornal A Cidade, do jornalista Orestes Lopes de Camargo, onde os assuntos da comuna eram discutidos com os chefes do executivo, vereadores, juízes e promotores. O jornalista sempre paciencioso participava daquelas tertúlias literárias e dava sua opinião sempre ponderada. Depois do bate papo, os advogados saiam para um passeio pelas ruas do centro, trocando ideias dos debates travados nos tribunais e dos conceitos emitidos diante da porta do jornal.

Advogado parecido com o delegado
Havia um advogado muito parecido com o Dr. Barbanti, de­legado geral de polícia, que trabalhava na rua Tibiriçá, perto da Catedral. Tinha como auxiliar um escrivão de polícia, o se­nhor Pinheiro e o delegado adjunto, Dr. Campanella. Eram os que prendiam e soltavam. E eram rigorosos. A fama da equipe corria pelos bairros e os moradores sabiam que não havia fa­cilidade com eles. Certa feita, à noite, pelas ruas do Centro, caminhava um dos advogados do grupo de amigos que era muito parecido com o delegado Barbanti. O grupo estava ca­minhando pelas ruelas escuras da área do mercado quando referido advogado se adiantou e ao passar por um guarda no­turno, que o confundiu com o delegado, parou o homem que fazia a ronda nos quarteirões perto da Antarctica e disse-lhe que estava investigando um cidadão que costumava andar por aquela região e que ele havia recebido um comunicado de São Paulo que era perigosíssimo. Falou que ele se intitulava advogado, mas que era para apitar e chamar os colegas para que a delegacia providenciasse sua prisão. O guarda noite se colocou na condição de polícia, embora não tivesse uma arma a não ser um cassetete de madeira pequeno. Os outros advo­gados caminhavam e notaram que o parecido com Barbanti havia adiantado os passos e desaparecido. Perto do Mercadão o guarda avistou o “procurado”. Soltou o apito e por código chamou a todos os colegas. Dezenas de bicicletas se juntaram e ele “deu voz de prisão” para um dos advogados cuja vesti­menta coincidia com a descrição passada pelo Dr. Barbanti fajuto. Foi uma confusão. Apitos pela cidade toda, camburão da polícia se deslocando da Catedral para perto da Paulista e Antarctica. Aí chega o Dr. Campanela e chama o Dr. Barbanti em sua casa. Tudo esclarecido o “preso” é solto e o outro go­zador estava em casa rindo a solta pela peça pregada no cole­ga. Por uns dias ele não apareceu no bate papo do jornal, pois o colega ficou bravo e queria ter uma conversa em particular. Coisas de Ribeirão Preto de outrora quando se podia sair a rua a qualquer hora do dia ou da noite.

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