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Juros altos = pena de morte

Os juros básicos definidos pelo Banco Central em 13,75% (taxa Selic nominal) ao ano e 8º (juros reais) foram mantidos, apesar da forte estocada do Presidente Lula. Logo surgiu a ideologizada crí­tica à postura presidencial, e agora o comunicado sobre a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) “não sinaliza horizonte de corte”, sem perspectiva de redução.

Para quem segue a lição de economistas internacionalmente reconhecidos e premiados, está fácil compreender a desgraça que representa essa cobrança, porque a consequência perversa dela se projeta no dia a dia da economia, comprometendo qualquer política de desenvolvimento do país. Assim a economia tende a se estagnar, porque o custo do crédito está muito alto. E, juros altos aumenta – e muito – a dívida interna do país, o que interessa aos credores, que são os bancos.

E nesse ambiente de opressão financeira poucos compram, não se produz, e o desemprego cresce. E o Brasil não avança em suas políticas públicas, como talvez queira não queira o Presidente do Banco Central, cuja autonomia impossível compreendê-la não vinculada à estrutura do Poder Político, presidido por quem saiu das urnas soberanas com valores e princípios que priorizam o social.

A relevância dessa questão faz com que ela ultrapasse o âmbito interno do país, para encontrar até em economistas vencedores do prêmio Nobel, a mesma contrariedade. É o que se lê do Prêmio Nobel de Economia e professor da Universidade de Columbia, Joseph Stglitz, que compara as taxas de juros do Brasil à pena de morte, e em sua en­trevista no Valor (21/3/2023), ele continua –“A taxa de juros de vocês realmente é chocante. Os números de 13,75% (taxa Selic nominal) e 8º (juros reais) são o que vai matar qualquer economia. O impressionan­te é que o Brasil sobrevive ao que é uma pena de morte”.

Outro professor da mesma Universidade, Jeffrey Sachs, no mesmo sentido, afirma “esse patamar de juros prejudica os investi­mentos no país, especialmente os públicos, que colaboram para o problema crônico do baixo crescimento econômico. No centro disso está a baixa taxa de investimento por volta de 17% do PIB, em ter­mos nominais”. O setor de veículos acentua que “vendas às locado­ras revelam como o varejo foi afetado por financiamento mais alto”, diz a Folha de São Paulo, na página Empresas (23/3/2023).

Nenhum país que adotou políticas neoliberais deu certo, e essa experiência histórica é que confere ilustração ao discurso de Joseph Stglitz.

No auge é o capitalismo financeiro que viceja no Brasil, tendo em sua estrutura o lema de que o Estado é um mau e precisa ser redu­zido a nível do mínimo possível. E graças a esse espírito perverso, já ultrapassado internacionalmente (André Lara Rezende), que o Brasil viu a fragmentação da Petrobras e a venda da Eletrobras, a empresa do futuro pelo crescimento de energias alternativas, entregue à ganância privada, mesmo sendo uma empresa que dava lucros. Vendida por 33 bilhões, com o gravame da irresponsabilidade coletiva expresso no valor fixado para eventual recompra pelo Estado – na verdade para tentar evitá-la — por 161 bilhões “segundo a mídia”.

Não se pode admitir que um organismo do Estado, como é o Banco Central -autarquia-, mesmo com a marca de sua autono­mia, possa existir descolada do sistema de poder, podendo contra­riar, impunemente, os valores e os princípios, que emergiram da soberania das urnas.
Esse confronto está mais para um deliberado confronto do Presi­dente do Banco Central como novo governo do que a preocupação com o desenvolvimento do país.

Esta é uma das graves disfunções institucionais deixadas pelo último tsunami governamental.
Não seria mais decente o Presidente do Banco Central renunciar?

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