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Emoção (9): Estimulação Sensorial

José Aparecido Da Silva* 

 

As experiências emocionais, aqui agrupadas, se conectam, por definição, à estimulação sensorial agradável/desagradável em relação a objetos. A estimulação pode ser fraca ou intensa, com o sentimento emocional decorrente tendendo a ser dirigido para o objetivo positivo ou negativo. Tratemos, então, de alguns exemplos da mesma, a saber: dor, repugnância, desprazer e prazer. 

A dor física é o caso mais importante de estimulação física intensa que provoca emoção. A percepção de dor com pouca intensidade pode ser denotada como periférica, não ocasionando nenhum sentimento emocional e, tampouco, uma ação de fuga. Já, com intensidades maiores, a dor pode provocar um estado emocional desagradável. E, em caso de ser extremamente violenta, pode ocasionar uma agitação emocional mais aguda. A compreensão que a pessoa tem do contexto em que a dor surge se mostra muito relacionada à intensidade da emoção despertada. Além disso, a emoção de dor é, muitas vezes, exacerbada pelo medo, pela ansiedade e pela depressão. O contrário também é verdadeiro: a dor pode conduzir à ansiedade, que, somada a outras comorbidades, pode levar à depressão. Alhures, comentamos que há uma grande associação entre dor, especialmente a dor crônica, e reações afetivas de ansiedade, depressão e medo. 

Em relação à repugnância, é conhecido que existem vários tipos de objetos que, ao serem tocados, vistos, cheirados ou degustados, provocam repugnância, ou seja, sentimentos extremamente desagradáveis que envolvem fortes tendências de afastamentos, além de salientes sensações de perturbação física, como, por exemplo, náuseas e vômitos. Embora o fator decisivo seja a proximidade de contato com a pessoa, aspectos culturais, como, por exemplo, vendo e tocando objetos viscosos como, por exemplo, uma lesma, também tende a provocar grande repulsa no sujeito. Importa comentar que, na linguagem popular, ter repugnância é, muitas vezes, reação utilizada de maneira mais ampla, para referir-se a qualquer tipo de sentimento aversivo, como, por exemplo, achar uma pessoa repugnante ou ter repugnância de si próprio. Por isso, padrões culturais e experiência passada de cada pessoa desempenham um papel fundamental na determinação de quais objetos podem provocar repugnância autêntica. 

O termo desprazer constitui sentimento de aversão, desgosto, desagrado e aflição dirigidos, essencialmente, ao objeto estimulador negativo. Quanto à intensidade, esses sentimentos de desprazer variam desde pequenos aborrecimentos e irritações até o extremo horror provocado pela observação de acontecimentos profundamente tocantes, sobretudo, os que se ligam a acidentes terríveis, à mutilação de corpos e à destruição de objetos. Obviamente, o grau desse sentimento depende da identificação que a pessoa sente em relação às outras pessoas e objetos, determinando, assim, a intensidade do horror. Por sua vez, também o horror é intensificado pelo sentimento de impotência diante do acontecimento, o que provoca desprazer. 

Em relação ao prazer, é certo que um grande número de objetos e eventos tem o poder de despertar em nós o sentimento de desprazer. Há variadas experiências emocionais que se contrapõem ao desprazer, variando em intensidade, indo de pequenas alegrias e satisfações até os extremos de êxtase. As emoções de desprazer não são sentimentos de brusco alívio de tensão, mas, sim, são satisfações positivas, usualmente envolvendo sentimentos de excitação. As fontes de prazer são quase inesgotáveis. Algumas são as sensações agradáveis do corpo quando sendo afagado. Outras decorrem de percepções de movimento e do funcionamento do próprio corpo, como, por exemplo, prazer na atividade muscular, na dança, no esporte e no canto, além de sentimentos ligados a graus pouco intensos de necessidades físicas, como, por exemplo, fome e cansaço agradáveis. 

Outros prazeres sensoriais envolvem objetos externos, suas texturas, tessituras, cores, formas, sons, gostos, aromas e odores. Pensem nessas atividades que dão prazer: jogar, ler, escrever, pensar, esportes, trabalho agradável, balé, comida, baile e, até mesmo, escrever o texto para vocês nesta Tribuna. Para além das ilustradas aqui, é óbvio que existem inúmeras atividades que nos circundam, integram o nosso viver e nos dão prazer. Podem nomeá-las! 

 

Universidade Católica de Petrópolis (UCP-RJ)

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