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Documentário sobre Madre Maurina ganha circuito estadual 

“Maurina, O Outono que Não Acabou”, premiado na Espanha e nos EUA, resgata a história da religiosa presa e torturada pela Ditadura Militar (Reprodução) 

Este ano, o Brasil tem uma data emblemática: 31 de março, quando serão lembrados os 60 anos do Golpe Militar de 1964 e tudo o que isso acarretou para o País. Momento propício para se rever parte dessa história nefasta, resgatar episódios e também personagens que foram vítimas inocentes do Regime Militar. É o que propõe o filme “Maurina, o Outono que Não Acabou”, documentário de Ribeirão Preto premiado na Espanha e nos Estados Unidos e que ganha circuito e será exibido em diversas cidades no Estado de São Paulo. 

Censura, prisões, torturas, assassinatos, desaparecimentos, cemitérios clandestinos, toda uma gama de horrores a quem se opunha ao Regime Militar. Milhares de pessoas, muitas delas inocentes, sentiram a pesada mão de ferro daquele período. Uma delas, foi a única mulher religiosa presa no Brasil em decorrência da ditadura: Maurina Borges da Silveira, ou simplesmente Madre Maurina. 

Produzido entre 2020 e 2021, o documentário de longa-metragem “Maurina, o Outono que Não Acabou” faz um resgate histórico ao se debruçar sobre documentos da época, jornais, arquivos e entrevistar ex-presos políticos, advogados, historiadores, religiosos e jornalistas que conheceram a freira dentro e fora das prisões. Depoimentos emocionantes que ilustram o drama da injustiça na prisão da religiosa. 

Madre Maurina ao lado do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns (Reprodução)

Em 85 minutos, o documentário mostra a trajetória de Madre Maurina desde quando foi diretora do Lar Santana em Ribeirão Preto, orfanato criado em 1931 que serviu de abrigo a crianças carentes até ser fechado em 2014. Em outubro de 1969, acusada de um suposto envolvimento com o grupo terrorista Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN), foi presa e sofreu diversas torturas físicas e psicológicas. Ela passou pela cadeia pública Cravinhos (SP) e pelas prisões de Tiradentes e Tremembé, ambas em São Paulo (SP). 

Seu nome foi o primeiro numa lista de troca de prisioneiros políticos pelo Cônsul-Geral do Japão, Nobuo Okuchi, sequestrado pelos movimentos guerrilheiros em 1970. Dessa forma, ela foi extraditada para o México. Um aspecto fundamental na história da prisão de Madre Maurina, foi o envolvimento do Arcebispo de São Paulo à época, Dom Paulo Evaristo Arns.  

O diretor do filme, Gabriel Mendeleh diz que a “história da Madre Maurina é símbolo contra a Ditadura Militar, foi através dela que grandes nomes dessa luta, como Dom Paulo Evaristo Arns, começaram sua militância.” 

O filme foi produzido pela Kauzare Filmes e foi contemplado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo – PROAC, em 2019. Tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do Governo Federal, do Ministério da Cultura e da Lei Paulo Gustavo. 

Madre Maurina 

Nascida em Perdizes, Minas Gerais, Maurina Borges da Silveira , a Madre Maurina, foi a oitava filha em uma grande família rural. Em 1942, abraçou a vida religiosa, tornando-se membro da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição. Ao longo de sua vida, dedicou-se ao serviço educacional e ao cuidado de crianças órfãs. 

Em 1969, Maurina, então diretora do Orfanato Lar Santana em Ribeirão Preto, foi presa injustamente por ceder espaço para reuniões estudantis, sem saber que estavam relacionadas a um grupo guerrilheiro. Submetida a tortura por cinco meses, sua prisão causou comoção e levou à excomunhão de seus torturadores pela Igreja Católica. 

Após ser trocada por um diplomata japonês sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária, Maurina foi forçada ao exílio no México por 14 anos. 

Madre Maurina faleceu em 2011, em Araraquara, vítima do mal de Alzheimer. Sua vida é um testemunho de coragem e resistência diante das adversidades enfrentadas durante a ditadura militar, deixando um legado de luta pela justiça e defesa dos direitos humanos 

Premiações e festivais 

– Espanha (2022/23). Festival Cinema Independente de Sevilha (SEVIFF). Prêmios: “Melhor documentário de longa-metragem”, “Melhor diretor de documentário de longa-metragem”, “Melhor diretor estreante de documentário de longa-metragem”. 

– Índia (2022/23). Golden Eagle International Film Festival. Prêmio: “Melhor Documentário de Longa-Metragem”.  

– Estados Unidos (2022/23). Docs Without Borders Film Festival. Prêmio: “Mérito Excepcional”, categoria Revolution and Reform. 

– Moldávia (2022/23). Serbest International Film Festival (SIFF). Semifinalista. 

– Portugal (2022/23). Lisboa Indie Film Festival (LISBIFF). Seleção. 

– França (2022/23).  Red Movie Awards. Seleção. 

– Malta (2022/23). Your Way International Film Festival. Seleção. 

– Itália (2022/23). Naples Film Awards. Seleção 

 

Circuito em São Paulo 

27/3 – Ribeirão Preto. Cine Cauim (Rua Olavo Bilac – 135) – 19h gratuito. 

28/3 – Bauru. SESC (Av. Aureliano Cardia, 6-71) – 19h30, gratuito. 

2/4 – Taquaritinga.  Cinemec (Rua República 929) – 15h, ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia entrada). 

5/4 – São Carlos – SESC (Av. Comendador Alfredo Maffei, 700) – 19h30, gratuito.  

9/4 – São Roque – Instituto Federal (Rodovia Prefeito Quintino de Lima, 2100) -12h, gratuito. 

11 a 14/4 – São Paulo. Cine LT3 (Rua Apinajés, 135a – Perdizes) – 18h ingressos a R$ 12 (preço único). 

8/5 – Campinas – Instituto Federal (Rua Heitor Lacerda Guedes, 1000) – 8h30, gratuito. 

 

Em Ribeirão Preto: Exibição com acessibilidade para pessoas com deficiência audiovisual. Estarão disponíveis fones de ouvido com audiodescrição do filme. Após a exibição haverá debate com o diretor Gabriel Mendeleh e a historiadora Nainora Freitas, uma das entrevistadas do documentário. A mediação será da advogada Maria Eugênia Biffi, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Ribeirão Preto. 

Em Taquaritinga: Após a sessão haverá debate com o historiador Marcelo Botosso, um dos entrevistados do filme. 

 

 

 

 

 

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