Tribuna Ribeirão
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Dia Internacional das Florestas 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Hoje, 21 de março, quando se inicia o outono no hemisfério sul e a a primavera no norte, comemora-se o Dia Internacional das Florestas, iniciativa da ONU, com o objetivo de enfatizar a importância de todos os tipos de florestas para a existência da Humanidade.

Considera-se floresta todo agrupamento de várias árvores, geralmente de porte alto, cujas copas formam um dossel e ocupa determinado ponto do território. Ela é fundamental para a preservação de um ecosistema vegetal e animal e, captando o carbono, quando as folhas fazem a fotossíntese, contribui para a produção do oxigênio, vital às nossas vidas. Ainda regulam as chuvas. Além disto, cada árvore é uma máquina de fazer água, que a retira do solo e a devolve à natureza em forma de umidade.

As florestas ainda ocupam 1/3 do nosso planeta, mas são sistematicamente destruídas para o pastoreio e a agricultura.

Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500, nosso território tinha 80% de sua área tomados por florestas. Eram dois grandes blocos: a Floresta Amazônica, ao norte, que se iniciava no centro-oeste e se estendia para os atuais vizinhos da América do Sul. E a Mata Atlântica, formidável mancha verde que cobria nosso litoral, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Sobrava sem vegetação florestal a região central do cerrado e alguns pontos do extremo sul. O resto era um verde eterno, cheio de árvores, musgos, líquens, fungos, flores, animais os mais variados, uma riqueza em remédios e abundância de uma árvore, o pau-brasil, na floresta litorânea.

Voltados para a busca de especiarias no Oriente, os portugueses abandonaram a nova terra descoberta, permitindo a navegadores de várias nacionalidades, explorar o pau-brasil. A importância da árvore residia na resina vermelha encontrada em seu interior, usada para tingir tecidos e muito valorizada na Europa.

Sua exploração foi tão grande, que a ibirapitanga – árvore vermelha, como chamavam os índios – se viu ameaçada de extinção. O corte das árvores era feito pelos indígenas e armazenadas em feitorias, de onde embarcavam para Portugal.

Mesmo quando Martim Afonso de Souza chegou à pequena povoação de São Vicente, em 1532, dando início ao processo de colonização, o comércio do pau-brasil continuou intenso. A necessidade de áreas para a produção de alimentos e criação do gado deu início à derrubada das matas.

Hoje, o Brasil tem 58% de seu território ainda coberto de matas, mas o desmatamento avança rapidamente, principalmente para criar áreas destinadas à pecuária. O avanço da soja, no centro-oeste também contribuiu muito para o desmate.

Felizmente, a consciência ecológica que domina hoje nossa sociedade tem colaborado para a redução do desmatamento. A agricultura, com novas tecnologias, aumenta a produção, sem necessidade de ampliar a área agricultável. Mas, é preciso uma ação forte do governo e da sociedade para a manutenção das florestas.

Nossa região Sudeste depende dos rios aéreos amazônicos para manter temperatura viável para nossa vida e para a produção. Rios alados é o nome dado ao fenômeno da evaporação da água, pela floresta amazônica, formando uma massa enorme desta umidade que é levada pelos ventos até os Andes. Lá, formam neve, que quando derretem, alimentam os rios. Parte desta umidade é rebatida pelo grande paredão andino e volta para a nossa região.

Se estes rios desaparecerem, teremos um clima semidesértico, com profundos reflexos na nossa vida e, sobretudo, na nossa agricultura.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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