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Dia de chuva

Acordando antes do nascer do dia, abri a porta da casa e aspirei o ar molhado pela chuva que caiu a noite toda. Que mudança! As folhas pejadas de água e limpas de poeira pareciam sorrir. Os troncos molhados estavam revigorados e mais altivos.

Durante um outono seco, com baixa umidade do ar, a chuva é benção.

Sem a luz do dia, fiquei pensando sobre a importância da água em nossa vida. O barulhinho calmo da chuva caindo me levou a divagações e pensei como os astrônomos, que pesquisam outros corpos celestes, são ávidos em procurar o líquido perdido nas crateras e polos distantes.

Nosso conhecimento atual só indica a Terra como um planeta azul, com seus oceanos, rios e lagos presos pela atração gravitacional, abrigando continentes, onde a vida humana se desenvolve.

Será que, em outros sistemas solares, haverá planetas e sa­télites com água e, consequentemente, com condição de vida? Ou o conceito de vida, como a conhecemos, é exclusividade dos terráqueos, outros seres existem que não precisam dela para viver?

Em questão de água, somos privilegiados. Vivemos sobre um mar subterrâneo, que nasce nas imediações de Brasília e avança até a Argentina, o Aquífero Guarani. As águas da chuva vão se inserindo nas fendas da terra e repousam tran­quilas em reservatórios naturais imensos, que se oferecem às populações e cultivos.

Nossos caudalosos rios cortam o território, irrigam as margens e, contidos em barragens, geram energia limpa. Lembro-me da primeira vez que não consegui ver a mar­gem oposta do rio Amazonas, aquela calha imensa, que recolhe o degelo dos Andes, avança pelo norte da América do Sul, é fonte de alimentação e via de transporte de mi­lhões de brasileiros.
O que dizer do Pantanal, esta planície maravilhosa, que se enche de água nas chuvas, seca na estiagem, mas retém lagos de remanescentes de água, onde uma fauna e flora ímpares encantam o visitante.

E o espanto de ver, pela primeira vez, as águas das Cata­ratas do Iguaçu, rugindo furiosas e despencando das alturas para formar um único e belíssimo espetáculo.

Mas, a água não é recurso infinito. Desde que, no final da Segunda Guerra Mundial a explosão das duas bombas atômi­cas chocou o mundo, começou a se desenhar um movimento de defesa do nosso planeta, que desaguou nas preocupações ecológicas que temos hoje.

O aumento da população, a destruição desordenada de florestas para a criação de áreas de plantio e exploração da pecuária, aliada à prospecção de minerais, tudo colabora para que tenhamos um planeta doente, a merecer nossa atenção constante.

As árvores são as nossas aliadas perfeitas na defesa do pla­neta. Além de produzirem o oxigênio, pela fotossíntese, nos dão a sombra benfazeja e o verde repousante, são verdadeiras máquinas de produzir água. Retiram o líquido do solo e o devolvem à atmosfera, em forma de gotículas, que melhoram o ambiente. É impressionante a capacidade de cada árvore de jogar umidade na atmosfera.

O grito da saracura me desperta dos devaneios. Volto ao meu escritório para ler eletronicamente os jornais e curtir, enquanto posso, o suave murmúrio da chuva que cai.

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