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Daerp será extinto em 31 de dezembro

O Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) vai deixar de existir em 31 de dezembro deste ano. A data está na lei complemen­tar nº 3.091/2021, sancionada pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de segunda-feira, 27 de setembro.

O tucano sancionou a lei horas depois de o desembarga­dor Fernão Borba Franco, da 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Pau­lo (TJ/SP), autorizar a Câmara a retomar a tramitação do projeto de lei complementar nº 19/2021, sobre a transformação da autar­quia em secretaria municipal. A decisão atende recurso de apela­ção impetrado pela prefeitura.

Segundo o Palácio Rio Bran­co, até o final de dezembro serão feitas as alterações necessárias para a transformação do Daerp em secretaria. O governo ressal­ta que os serviços de água e esgo­to do município continuam com a mesma estrutura, administra­dos diretamente pela prefeitura, “permitindo maior agilidade e adequação à política e às novas diretrizes do Marco Regulatório do Saneamento Básico”.

Os serviços prestados pelo Daerp serão operados pela nova secretaria, que vai incorporar a estrutura e o quadro de funcio­nários da autarquia municipal. A lei sancionada estabelece, ain­da, que até o final do processo de transição, as dívidas existentes entre o município e o departa­mento terão que ser quitadas.

O projeto foi aprovado pela Câmara em 22 de abril. Porém, no mesmo dia, a juíza Lucilene Aparecida Canella de Mello, da 2ª Vara da Fazenda Pública, concedeu liminar em manda­do de segurança proposto pela vereadora Duda Hidalgo (PT), suspendeu a tramitação do pro­jeto e considerou nulo todo o processo legislativo.

A decisão em primeira ins­tância impediu a sequência do trâmite legislativo do projeto e, como conseqüência, a sanção do prefeito Duarte Nogueira. Duda Hidalgo questionou a vo­tação em plenário. Segundo a parlamentar, a proposta deveria seguir as regras da Lei Orgânica do Município (LOM) – a “Cons­tituição Municipal” – em relação a este tipo de proposta.

Ou seja, deveria ter sido votada em duas discussões – com intervalo de dez dias entre cada sessão – e com exigência de maioria qualificada de vo­tos (dois terços favoráveis). No caso de Ribeirão Preto, que tem 22 vereadores, seriam necessá­rios 15 votos. Na votação feita pela Câmara, 13 parlamentares votaram a favor, oito contra e o presidente do Legislativo, Alessandro Maraca (MDB), não votou porque regimental­mente ele só é obrigado a votar quando há empate.

Em agosto, a juíza Lucile­ne Aparecida Canella de Melo considerou a votação nula. Segundo a magistrada, o pro­cesso legislativo determina que as leis elaboradas por qualquer um dos entes que compõem a Federação – União, Estados e Municípios – devem ser feitas em conformidade com o pre­viamente descrito na Consti­tuição Federal, na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica Municipal, respectivamente.

Autora do mandado de se­gurança contra a extinção do Daerp, Duda Hidalgo afirma que a legislação sancionada é “absurda e ilegal” e abre as portas para a terceirização. “Estou em contato direto com o Sindicato dos Servidores Municipais, com os funcionários e as funcionárias do Daerp e com nossas advoga­das para elaborar um plano de ação e definir os próximos pas­sos”, diz.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/ RPGP) afirmou ao Tribuna que está estudando o assunto e deve­rá entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) junto ao Tribunal de Justiça.

Um dos principais argu­mentos da prefeitura para a transformação do Daerp em secretaria é a de que com a mu­dança ele não poderá ser pri­vatizado no futuro. O Daerp é especializado em saneamento básico e conta com controle financeiro próprio. Tem cerca de 204 mil ligações de água e uma previsão de receita para este ano de R$ 332 milhões.

Opera 120 poços que abas­tecem a cidade. São cerca de 770 funcionários e uma folha de pagamento mensal em tor­no de R$ 3,9 milhões. No ano passado, segundo dados do site da autarquia, arrecadou R$ 281 milhões contra uma previsão de receita de R$ 328 milhões. A inadimplência atual do Daerp é de aproximadamente 25%.

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