Tribuna Ribeirão
Economia

Copom define hoje a taxa básica de juros

Em meio aos receios de uma possível recessão nos Estados Unidos e às incerte­zas sobre o comportamento da inflação no Brasil, o Co­mitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define nesta quarta-fei­ra, 1º de fevereiro, em Brasí­lia, a taxa básica de juros, a Selic. Ao fim do dia, o cole­giado anunciará a decisão.

Segundo a edição mais recente do Boletim Fo­cus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Se­lic deverá ser mantida em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até meados de 2023.

Na ata da última reunião, os membros do Copom indi­caram que pretendiam man­ter a Selic, mas não excluíram a possibilidade de novos rea­justes, caso a inflação persista no médio prazo. No menor nível da história até março de 2021, quando estava em 2% ao ano, a Selic foi reajustada sucessivamente até chegar a 13,75% ao ano em agosto do ano passado.

Em setembro, outubro e dezembro, a taxa foi mantida nesse nível. Depois de quedas nos últimos meses, as expec­tativas de inflação têm subi­do. A última edição do bole­tim Focus elevou a previsão de inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) de 5,48% para 5,74% em 2023. Há um mês, as projeções para o IPCA estavam em 5,31%.

Mesmo com a estabilida­de da taxa Selic pela terceira reunião consecutiva, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a infla­ção) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,16% ao ano.

Em segundo lugar na lis­ta que considera as econo­mias mais relevantes, aparece o México (5,39%), seguido de Chile (4,66%). A média dos 40 países avaliados é de -2,16%. A reunião de dezem­bro foi a última no governo de Jair Bolsonaro (PL). O Co­pom reúne-se a cada 45 dias.

Diversos fatores têm con­tribuído para o aumento das expectativas de inflação. O IPCA-15, índice que funcio­na como prévia da inflação oficial, acelerou em janeiro por causa dos preços de ali­mentos e de gastos que tradi­cionalmente sobem no início de cada ano, como planos de saúde e cuidados pessoais.

As incertezas em relação aos projetos econômicos do atual governo têm provoca­do volatilidade no mercado financeiro, afetando as ex­pectativas para a inflação e os juros. Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, defi­nida pelo Conselho Mone­tário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerân­cia de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%. Os analistas de mercado con­sideram que o teto da meta será estourado pelo terceiro ano consecutivo, a menos que o governo eleve a meta, como tem sido sugerido pela equipe econômica.

No plano externo, o Co­pom analisará o ritmo de aperto monetário nos Esta­dos Unidos. Poucas horas antes do comunicado do Co­pom, o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-ameri­cano) divulgará se elevará os juros da maior economia do planeta em 0,5 ponto percen­tual ou 0,25 ponto.

Nas últimas semanas, a segunda possibilidade ga­nhou chances, após dados mostrarem a desaceleração da economia norte-america­na. Um arrefecimento na ele­vação dos juros nos Estados Unidos reduz a pressão sobre o Banco Central brasileiro.

Aperto monetário
Principal instrumento para o controle da inflação, a Selic está no ponto mais alto des­de janeiro de 2017. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Co­pom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegou a 6,5% ao ano, em março de 2018.

Em julho de 2019, a Selic (Sistema Especial de Liqui­dação e Custódia) voltou a ser reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir no­vamente em março de 2021, até atingir 13,75% ao ano em agosto de 2022, índice mantido até esta quarta-fei­ra, pelo menos.

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