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Alegria, alegria

Uma das músicas mais famosas de Caetano Veloso, Alegria, Alegria foi apresentada no Festival da Record no ano de 1967. A canção foi um marco do movimento Tropicalista, que teve Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes como alguns dos seus líderes.

A letra, extremamente contemporânea e com toques da cultura pop e o andamento totalmente quebrado e diferente, sem preocupação com métrica ou rima certa, foi rapidamente abraçada pelo público e Alegria, Alegria virou logo um enorme sucesso. Apesar de ter se tornado a queridinha da audiência, a canção ficou em quarto lugar no concurso.

O jovem Caetano tinha apenas 25 anos quando subiu no palco para tentar ganhar o prêmio máximo do Festival. 1967 foi um ano especial para a música brasileira. Nesse ano Gil­berto Gil apresentou a canção Domingo no Parque e também em 1967, Caetano surgiu com Alegria, Alegria. O cantor levou com ele a banda Beat Boys (um grupo brasileiro de rock for­mado por músicos argentinos) para participar da apresentação.

Durante a exibição, o cantor baiano e os Beat Boys usaram guitarras elétricas, uma novidade para aquele período histó­rico. Até então a guitarra elétrica era repudiada por ser um símbolo da cultura norte-americana. Polêmica e desafiadora, a canção ficou em quarto lugar e o seu autor recebeu cinco milhões de cruzeiros velhos.

Caetano confessou no seu livro Verdade Tropical como foi o bastidor da criação que viria a se tornar um símbolo do Tropicalismo: “decidi que no festival de 67 nós deflagraríamos a revolução. No meu apartamentinho do Solar da Fossa, co­mecei a compor uma canção que eu desejava que fosse fácil de apreender por parte dos espectadores do festival e, ao mesmo tempo, caracterizasse de modo inequívoco a nova atitude que queríamos inaugurar (…) Tinha que ser uma marchinha alegre, de algum modo contaminada pelo pop internacional, e trazen­do na letra algum toque crítico-amoroso sobre o mundo onde esse pop se dava”.

O título escolhido para a música é profundamente irônico e curiosamente não aparece ao longo da letra. Até hoje, muita gente pensa que o título da canção é “sem lenço, sem docu­mento”, um dos seus versos mais fortes. O bordão “alegria, ale­gria!” era frequentemente usado pelo animador/apresentador de rádio e depois de TV Chacrinha. Seu programa era muito popular e a frase, repetida muitas vezes, entrou para o incons­ciente coletivo até ser apropriada por Caetano.
O movimento tropicalista começou a ganhar pernas no ano de 1967, embora tenha ganhado uma proporção maior somen­te no ano a seguir. Fizeram parte dele grandes nomes da MPB como Gilberto Gil, Tom Zé e Gal Costa. Os artistas procu­ravam reinventar a música, recebendo influências da cultura jovem, principalmente do pop nacional e estrangeiro. As letras passaram a refletir questões do próprio tempo e queriam deba­ter aspectos do dia a dia.

Entre os ideais dos artistas, estavam a internacionaliza­ção da cultura nacional e um retorno às origens do Brasil. A inovação e a experimentação foram outras duas características preciosas dos tropicalistas.

Salve Caetano Veloso, Alegria, alegria e a Tropicália, movi­mento cultural de vanguarda artística e musical.

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