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A motocicleta 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Há cinco mil anos, os habitantes da Mesopotâmia inventaram um dispositivo que seria revolucionário, causando tanto impacto na civilização de então como o que nós sentimos quando se popularizou o computador: a roda. Até então, os humanos dispunham somente de suas pernas para a locomoção, o que atrasava em muito a conquista do mundo. Unindo duas rodas com um travão, surgiu a carroça, que foi evoluindo continuamente. A domesticação do cavalo, na mesma época, e sua utilização como fonte de tração das carroças deu outro impulso notável ao desenvolvimento dos humanos.

No início do século XIX, um invento europeu deu início a um movimento que desaguaria em duas invenções: a bicicleta e a motocicleta.

A protobicicleta, se assim podemos chamar, nada mais era do que duas rodas, unidas por uma tábua que servia de assento. Era movida pelas pernas do condutor, que corria apoiado na invenção. As rodas eram de madeira e refletiam as irregularidades do terreno, tornando muito desconfortável o passeio, mas o que valia eram os cavalheiros usando a engenhoca e exibindo sua vestimenta elegante. Mulheres não podiam usar a protobicicleta, pois as saias impediam que elas se sentassem na tábua que unia as rodas. Esta dificuldade só foi sanada com a utilização de calças masculinas, um escândalo na época.

Preocupado com o desconforto  que seu filho pequeno sentia ao usar o invento, o veterinário escocês John Boyd Dunlop revestiu as rodas com borracha e colocou no vão entre a estrutura e a banda uma câmara, também de borracha, que poderia ser inflada com ar. Estava criado o pneu.

A protobicicleta foi se aperfeiçoando, ganhou freios, catraca, correntes de tração e, em 1867, o americano Sylvester Roper colocou um motor a vapor para impulsioná-la, alimentado por um desconfortável e perigoso tanque de carvão.

Atribui-se ao alemão Gotlieb Daimler o uso do primeiro motor a combustão para mover a bicicleta, nascendo daí a motocicleta.  Daimler usava um motor desenvolvido por seu sócio Karl Benz e, juntos, criariam posteriormente, os  automóveis Mercedes-Benz.

A primeira fábrica de motocicleta foi fundada na Alemanha, em 1894, seguida de muitas outras, em vários países europeus, tornando-a um veículo apreciado por todos, como meio de transporte e uso esportivo.

Na década de 1910, começaram a chegar ao Brasil as primeiras motos importadas, que eram exclusivas e caras. Mas, foi somente em 1951 que a Monark, que então já fabricava bicicletas, lançou a primeira moto brasileira com sua marca. Seguiram-se outras pequenas fabricantes, até que, em  1970, a Yamaha torna-se a primeira fabricante japonesa a produzir no nosso país. Foi seguida pela Honda, que,  em 4 de novembro de 1976 produziu a sua primeira moto na Zona Franca de Manaus.

Hoje, o parque industrial  do Brasil fabrica mais de 1,5 milhão de motos, sendo que a Honda tem 72% deste mercado e a Yamaha, 18%.

A cidade de Ribeirão Preto abriga hoje uma frota de mais de 150 mil unidades de motos. Com seu clima quente, sua topografia, é lugar ideal para se possuir este meio de transporte. É versátil, confortável, sofre menos no trânsito. A pouca chuva que nos atinge é também mais um argumento em favor da moto, além da facilidade de trânsito e estacionamento.

Ribeirão Preto tem 12 concessionárias autorizadas de motos, que representam 10 marcas. Elas venderam motos em 2023.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

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