Tribuna Ribeirão
Cidades & Construções

A alta do cimento e seus reflexos no mercado

O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) divulgou, na última semana, que espera uma alta de 1% nas vendas de cimento este ano, depois que a comercialização do material em 2022 recuou mais que o esperado, caindo 2,8%, para cerca de 63 milhões de toneladas.

Na região sudeste, maior mercado consumidor do país, essa retração é maior, 3,6%. No nordeste, chegou a 4,6%.

A queda, ainda de acordo com a própria entidade que reúne os produtores do insumo, levou o setor a um quadro de mais de 33% de capacidade ociosa por falta de demanda.

As razões que pressionaram para baixo as vendas de cimento no ano passado, alega a Snic, além da alta dos juros que impacta o setor imobiliário, seriam chuvas acima do previsto no final do ano, eleições e mesmo a Copa do Mundo.

O que a entidade esquece, porém, é o excessivo aumento no valor do cimento desde o início da pandemia.

A CBIC | Câmara Brasileira da Indústria da Construção divulga em seu site a série histórica, desde 1994, do custo do insumo em todos os estados da nação e a média brasileira (http://www.cbicdados.com.br/menu/materiais-de-construcao/cimento). Acompanhando a mesma, é fácil entender o recuo.

Em abril de 2020, o preço médio do saco de 50kg de Cimento Portland 32 no estado de São Paulo era de R$ 20,66. Até agosto do ano passado esse valor apresentou sucessivos incrementos, mês a mês, até chegar a impensáveis R$ 35,62!

Na prática, esse aumento é ainda maior. “Não é exagero afirmar que, desde o início da pandemia, a indústria da construção sofreu com um incremento em torno de 100% no custo do cimento. E, embora nos últimos meses tenha havido queda, o preço praticado ainda está em um patamar muito alto, insuficiente para alavancar resultados significativos”, afirma Adriano Sousa, diretor da Assilcon.

No acumulado dos últimos dois anos, os maiores aumentos, além do cimento, foram nos tubos e conexões de ferro e aço, vergalhões e arames de aço carbono, tubos e conexões de PVC.

“E o impacto sentimos na pele! Principalmente em obras públicas de infraestrutura, nas quais tais insumos respondem, junto com a mão de obra, por quase a totalidade dos custos”, completa Adriano.

 

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