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A água reaproveitada 

Duarte Nogueira *
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Desde o mês passado está regulamentado em Ribeirão Preto, por decreto publicado no dia 5 de março, a utilização da água de reuso, que tem origem no tratamento de efluentes. Há muito discutido, o reuso deste recurso não-potável é possível agora após estudos realizados e legislação aprovada que definiu as regras do reaproveitamento deste bem tão precioso que é a água. A regulamentação tornou possível o uso da água de reuso para fins urbanos sem finalidade potável, como construções, obras, irrigação paisagística e limpezas específicas.

A reutilização da água que seria descartada é um grande passo para a nossa cidade, que busca promover, através de toda administração pública, a sustentabilidade. Essa norma em vigor é uma das formas de afirmarmos nosso compromisso com a preservação ambiental, dos recursos naturais e com o desenvolvimento social para o futuro. Ao utilizarmos a água pela segunda vez, estamos deixando de buscar no aquífero Guarani a água limpa para ações que podem perfeitamente ser feitas com a água tratada, mas que não é recomendada para o consumo humano.

Com isso, preservamos a água do aquífero para o uso potável que tão bem serve nossa cidade há muito mais de um século. É também uma forma de bem utilizar este bem que deve ser preservado a qualquer custo, para evitarmos sua escassez no futuro. A autorização para utilização da água de reuso é concedida pela Secretaria de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Saerp), através de solicitação formal de empresas que tenham autorização para transporte e uso do produto.

A concessão da água de reuso será de responsabilidade da GS INIMA Ambient, empresa responsável pelo tratamento do esgoto na cidade, que definirá a retirada da água de reuso da unidade de tratamento. Além da utilização para construções e engenharia civil, a água de reuso também pode ser empregada em limpezas específicas, como as manutenções urbanas realizadas pelos órgãos públicos e irrigação de gramados ou áreas de reflorestamento, reforçando as boas práticas de sustentabilidade, reduzindo significativamente o desperdício de água potável.

A reutilização da água também reduzirá custos para as empresas, além de ser ambientalmente sustentável. Para transporte e utilização da água de reuso, é necessário que a empresa tenha autorização dos órgãos competentes, como CETESB e Vigilância Sanitária, além de veículo adequado e devidamente identificado, conforme as normas estabelecidas. Como temos em Ribeirão Preto o tratamento adequado de 100% do esgoto que é coletado, temos bastante água de reuso para as mais variadas tarefas.

Devido à qualidade final do tratamento do esgoto da Estação de Tratamento de Esgotos – ETE, com índices entre 95% a 99% de pureza, a água resultante muitas vezes é mais limpa que a de muitos rios e outros corpos d’água, o que permite o reuso da água com absoluta segurança. Este é um avanço ambiental pioneiro na região, já que a ETE Ribeirão Preto é a primeira cidade a receber a licença da CETESB para a utilização da água de reuso para fins urbanos.

É mais um resultado do trabalho que desenvolvemos ao longo dos últimos sete anos para a preservação do aquífero Guarani e para garantia da segurança hídrica para nossa cidade. Também buscamos a redução das perdas totais de água que chegavam a 62% em 2017 para 43,64% de acordo com informações do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico) de 2023, com dados coletados em 2022. Seguimos investindo para diminuir ainda mais o desperdício de água, ao mesmo tempo que desenvolvemos alternativas para que não tenhamos problemas de abastecimento de água no futuro.

* Prefeito de Ribeirão Preto   

 

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