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O empreendedorismo e as relações de trabalho

O mercado de trabalho vive uma revolução impulsionada pelas demissões da pandemia aliada à tecnologia. E nesse contexto, cresce o empreendedorismo. Os números provam isso. De abril a julho deste ano, a pandemia de covid-19 jogou nas ruas cerca de 3 milhões de trabalha­dores que, de um hora para outra, ficaram sem seus empregos. Na quarta semana de julho, a taxa de desocupação chegou a 13,7%, o que corres­ponde a 12,9 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, divulgada em 14 de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por outro lado, parte desses desempregados viu-se obrigado a abrir o próprio negócio. Tornaram-se empreendedores do dia para a noite. Segundo o Sebrae, entre 31 de março e 15 de agosto, ou seja, em pleno isolamento social, foram feitos 784,3 mil registros no Simples Nacional.

Esse número é 0,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Entre esses novos negócios, a maioria foi de Microempreende­dores Individuais (MEI), com 684 mil registros, quase 43 mil a mais que no mesmo período de 2019! E cerca de 100 mil novos negócios foram registrados como Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. O Brasil é o país que mais empreendia no mundo já em 2014, segundo o Sebrae.

Está claro, com os dados acima, que empreender é o novo modelo social. As pessoas estão descobrindo que podem ganhar dinheiro com o que sabem e querem fazer. Aquela época em que todo mundo tinha um emprego fixo com carteira assinada e que recebia salário começa a fazer parte do passado.

Com a evolução da tecnologia e da Internet, tudo está ficando mais fácil. O acesso a informações de como abrir o próprio negócio está a um clic de qualquer interessado. E a própria Internet tem sido o palco de empreendimentos. Blogueiros, coachs virtuais, cursos onlines, por exemplo, são atividades e profissões que há pouco tempo não se imagi­nava e que hoje são realidade. As redes sociais se tornam fonte de renda e, com isso, ninguém quer ser mais funcionário de ninguém.

O Home Office tornou-se uma prática comum com a pandemia. Em­presas começam a contratar funcionários à distância e para trabalho em casa. Isso impõe uma nova perspectiva em que a Carteira de Trabalho dá lugar à Pessoa Jurídica. Cresce a “pejotização” nas relações trabalhistas. E a “pejotização” nada mais é do que empreender, ser dono do próprio nariz.

Mas essa realidade só é possível para uma parcela da população, aquela que sabe ler e escrever. Para ela, é preciso abrir canais, facilitar o caminho das pedras, estimular o empreendedorismo. O poder público tem dar total liberdade para o empreendedor ocupar essas lacunas que existem na economia, tem que facilitar o caminho das pedras e não ficar colocando obstáculo para criar dificuldades e vender facilidades.

A nossa atenção precisa se voltar também para as pessoas que não têm educação, que se viram obrigadas a largar a escola antes do tempo pela necessidade de trabalhar para o sustento da família ou pela dificul­dade de acesso à sala de aula.

O que precisamos ter em mente é que essas pessoas são cidadãos capazes, que formam uma força de trabalho importante. A construção civil pode absorver grande parte dessa mão de obra e vai ser fundamen­tal, por exemplo, para alavancar a infraestrutura do país, como o Marco Legal do Saneamento Básico que deve gerar 700 mil empregos no País seguindo o Ministério da Economia.

Para essa parcela de brasileiros é preciso criar estímulo para que vol­tem ao banco da escola, até mesmo para cursos de capacitação. E com a evolução das relações trabalhistas, quem sabe não chega o dia em que o operário da construção civil não seja contratado como empreendedor e não mais como simples empregado? É o aprimoramento da terceirização que está a caminho. E isso abre um leque gigantesco de oportunidades para que as pessoas possam ganhar dinheiro por iniciativa própria.

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