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Daerp tenta ‘anular’ decisão da Justiça sobre falta de água

O Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Da­erp) vai tentar, em audiência de conciliação agendada para esta quinta-feira, 11 de janeiro, con­vencer os promotores do Grupo de Atuação Especial em Defesa do Meio Ambiente (Gaema) que não há desabastecimento crônico nem generalizado na cidade. Se a ação que tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública for mantida, a autarquia corre o risco de arcar com várias sanções e multa diária de R$ 10 mil, caso o Ministério Público Estadual (MPE) receba alguma denúncia de falta d’água na cidade.

Mesmo se não conseguir reverter a decisão, o Daerp ain­da poderá recorrer. A definição estava prevista para o início de dezembro, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) acatou recurso impetrado pelo departamento e prorrogou, para esta quinta-feira, o prazo para que a autarquia evite falhas no abastecimento em toda a cidade.

O Daerp diz que a ação foi impetrada pelo MPE em 2014 e que já cumpre a decisão judicial, sobretudo, porque não há falta d’água generalizada em Ribeirão Preto. “Conforme já demonstrado anteriormente, a liminar conce­dida pelo juízo tratou-se de uma ação cujas questões apontadas não mais condizem com a rea­lidade. Entretanto, vale explicar, novamente, que passamos por um período de seca prolongado, com mais de 120 dias sem chuvas, e consumo elevado de água, o que acarretou problemas em alguns bairros que já foram solucionados pela autarquia”, diz em nota.

Esses argumentos serão apre­sentados nesta quinta-feira. Além disso, o Daerp diz que hoje en­frenta dificuldades pontuais oca­sionadas muitas vezes por furto de fios. Ainda tem os problemas de queima e troca de bombas e outros imprevistos diários que, embora atrapalhem e gerem no­vos gastos, são sempre resolvidos de acordo com a demanda.

Ressalta, ainda, que em audi­ência de tentativa de conciliação realizada no dia 23 de outubro de 2017, foram apresentados ao Ministério Público relatórios deta­lhados da situação em que a atual administração encontrou a autar­quia, as ações que já foram exe­cutadas, além do plano de gestão para os próximos anos – necessá­rio para sanar os vícios e dificulda­des acumulados ao logo do tempo por falta de investimento.

A extensão do prazo para esta semana foi autorizada pelo desembargador Antônio Tadeu Ottoni, relator do processo no Tri­bunal de Justiça, depois de novo recurso apresentado pela autar­quia em 24 de novembro. A data anterior para regularização total do abastecimento de água na ci­dade, segundo o departamento, terminaria em 6 de dezembro.

O Tribunal de Justiça já havia ampliado o prazo. Em despacho de 10 de outubro, o desembar­gador deu 20 dias úteis de prazo para a autarquia acabar com as falhas no abastecimento sob ris­co de arcar com multa diária de R$ 10 mil. A data foi estipulada depois que o departamento re­correu contra a liminar concedi­da pela juíza Roberta Steindorff Malheiros Melluso, da 1ª Vara da Fazenda Pública, em outubro.

Na medida cautelar, a magis­trada havia estipulado prazo de 48 horas para o Daerp regularizar 100% do abastecimento público, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Também proibiu a perfuração de novos poços de captação em caso de descumprimento e deter­minou o abastecimento com ca­minhões-pipa se novos problemas fossem detectados.

A ação civil pública foi propos­ta pelo promotores Ramon Lopes Neto e Cláudia Habib. Segundo o Daerp, a cidade passou por um período de estiagem prolongado, com mais de 120 dias sem chuvas, e o consumo disparou devido ao forte calor, acarretando problemas em alguns bairros e sobrecarre­gando o sistema, que hoje capta o recurso do Aquífero Guarani por meio de 114 poços artesianos.

A média de consumo per cap­ta recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 110 litros de água por dia por pes­soa. A média nacional é de 167 li­tros, enquanto em Ribeirão Pre­to subiu para 366 litros diários de água por habitante durante a seca – o número já desconta as perdas físicas do sistema. A mé­dia municipal era 232,7% supe­rior à mundial e estava 119,1% acima da brasileira.

A autarquia se comprome­teu a apresentar ao Judiciário, na audiência de hoje, laudos técnicos sobre os problemas da rede de abastecimento e um ma­peamento completo do sistema de saneamento básico da cida­de. Também serão discutidas as ações, de médio e longo prazo, necessárias para sanar os vícios e dificuldades no abastecimento de água acumulados ao longo do tempo por falta de investimento.

De acordo com o superin­tendente do Daerp, Afonso Reis Duarte, já foram apresentados re­latórios detalhados da situação em que se encontrou o departamento, as ações que já foram executadas, além do plano para os próximos anos. A autarquia pretende inves­tir R$ 150 milhões para moderni­zar e alterar o sistema e a rede de distribuição e sanar a maior parte do problema de abastecimento. Segundo o departamento, os pro­blemas causados pelo alto consu­mo e por falhas na rede (é muito antiga) já foram solucionados.

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