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O Belo Hermínio

Poeta, compositor e produtor cultural, Hermínio Bello de Carvalho, nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1935.

Na infância ele preferia escrever poemas nos cadernos dos amigos a prestar atenção nas aulas, porém, quando se tratava de organizar e promover reuniões e eventos, Hermínio era perfeito.

Seu espírito agregador e sua grande sensibilidade e bom gosto musical, além da capacidade de compor belas canções, fez com que ele se aproximasse de vários artistas, se tornando parceiro e produzindo grandes expoentes da música popular brasileira, tais como Paulinho da Viola, Elizeth Cardoso, Elton Medeiros, Clementina de Jesus, entre outros.

Ainda na infância, escutando os irmãos mais velhos contar as histórias das grandes concentrações de canto orfeônico de que participaram, Hermínio passou a ficar fascinado pela obra do maestro Villa Lobos, que regia um coral de 30 a 40 mil jovens em datas solenes, com o objetivo de criar uma consciência musical nas escolas e preparar as plateias do futuro.

Na década de 1950, ainda na adolescência, Hermínio começou a freqüentar os programas de auditório da Rádio Nacional, como o de César de Alencar, iniciando seu contato com as cantoras de rádio, fazendo amizade com Linda Batista e passando a trabalhar como repórter da revista rádio-entrevista.

Em 1956, o compositor passa a integrar a Associação Brasileira de Violão (ABV), e em 1958, ao ler a crônica “Literatura de violão” de Manuel Bandeira, Hermínio achou que o poeta estava equivocado em vários aspectos e resolveu lhe escrever uma carta, contestando alguns itens.

Após a publicação da carta, Hermínio foi convidado por Mozart Araújo para escrever e apresentar programas na Rádio MEC e passou a escrever para a Revista de Música Popular.
A sua trajetória de poeta inicia-se com a publicação do livro “Chove azul em teus cabelos”, em 1961, e suas composições começam a aflorar em 1962, a partir do contato e amizade com seus ídolos da MPB, proporcionando o direcionamento de sua poética para as letras das músicas.

Seu primeiro parceiro foi Antonio Carlos Ribeiro Brandão, colega da ABV, que colocava música nas letras que Hermínio fornecia. Na análise do compositor, as primeiras canções não mostravam tanto vigor, o que ele passou a conseguir, a partir de sua parceria com Maurício Tapajós, o que nos proporcionou lindas canções, como “Mudando de conversa”, “Não tem mais jeito”, “Ginga muxique”, dentre outras.

Com a inauguração do “Zicartola”, em 1963, Hermínio pôde conviver com a nata do samba carioca que freqüentava o bar, e a partir desse contato, passou a conquistar diversos parceiros, como Cartola, Zé Kéti, Elton Medeiros e Carlos Cachaça.

Uma de suas composições mais conhecidas, em parceria com Elton Medeiros foi “Pressentimento”, que tem essa letra maravilhosa: “Ai! Ardido peito, quem irá entender o teu segredo? Quem irá pousar em teu destino? E depois morrer do teu amor?

Ai! Mas quem virá? Me pergunto a toda hora, e a resposta é o silêncio que atravessa a madrugada. Vem meu novo amor, vou deixar a casa aberta, já escuto os teus passos, procurando meu abrigo. Vem, que o sol raiou, os jardins estão florindo, tudo faz pressentimento, que este é o tempo ansiado de se ter felicidade.”

Hermínio criou o musical “Rosa de ouro”, considerado pela maioria dos críticos musicais, como um dos melhores já vistos no país. O ritmo informal, a simplicidade do espetáculo, a diversidade de talentos musicais (Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Anescar do Salgueiro, Aracy Cortes e Clementina de Jesus), o dinamismo do roteiro e o lindo repertório envolviam as pessoas.

Eu nunca cultivei ídolos, entretanto tenho grandes referências na minha vida, e uma das mais fortes, com certeza é Hermínio Bello de Carvalho. Como dizia a querida Araca, citando Noel Rosa: “Belo Hermínio, você não resta a menor dúvida”.
Salve o Belo Hermínio!

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