Tribuna Ribeirão
Artigos

Uma historia do século XII

Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com

De repente, dentre as ofertas de filmes de tantas modalidades, eis que o botão da Netiflx liga-nos a uma sedutora e veraz histórica épica, denominada “Ressureição”, apresentada em longuíssimo seriado, de origem turca, que o telespectador nele se prende, certamente por ser baseado em fatos reais das lutas mulçumanos, no antigo território da Anatólia, hoje Turquia,no século XII.

Essa obra cinematográfica envolve, de um lado, a luta contra os Templários, que são os cristãos europeus, diz-se franceses, chamados de Franj, sediados em Jerusalém. Estes sob o pretexto da imposição da fé cristã realizaram uma invasão feroz e brutal. Enquanto em outra frente, vinha a brutal invasão mongol.

A qualidade da filmagem garantiu sucesso e o prestigio à capacidade técnica e criativa da indústria do cinema daquele país. Na televisão turca a apresentação desdobrou-se por cinco temporadas.

O personagem, que ocupa esse cenário de realidade histórica, Estrugul (1198/1281), realmente existiu. Era da tribo turca dos Kayis, que morto em uma viagem deixa seu filho mais velho, de 29 anos, no comando da tribo. Ele se casa com Haline Hatum, com quem teve quatro filhos, dentre os quais, Omã, o ultimo deles, e que seria considerado, como sucessor do pai, o fundador do Império Turco Otomano.

No extremo jogo das eternas paixões humanas, o filme traz do fundo dos séculos os laços de amor e do ódio, da inveja e da solidariedade, da ambição e do companheirismo ,da coragem e da fidelidade, da traição e da força do dinheiro, contidos na pequenez e na grandeza de ser humano, num cenário de sedução estética, que corresponde exatamente ao tamanho real de seu conteúdo.

Desde sempre, o ser humano é torturado. Lá o torturador surge vestido com o símbolo do sagrado, e é assim que brutaliza e mata, como mensageiro de Deus. Essa barbárie que o processo civilizatório só sofisticou com a arrogância de atualidades sucessivas.

A sobreposição de imagens, na representação dos sonhos reveladores, como o do futuro nascimento e destino de Omã, revela o amadurecimento técnico, que se enquadra na linha comum de todo seriado. Tal como a sobreposição da lembrança de episódios pessoais de amor ou ódio, tortura e libertação, fidelidade e lealdade absolutas.

A religião mulçumana é outro ponto importante, no dia a dia, de Beis e súditos. Tudo é oferecido e agradecido, nas orações do dia, or ajoelhados naquele tapete voltado na direção de Meca, para receber de lá o eco das palavras rezadas. Qualquer batalha, qualquer conquista, qualquer consumo ou produção de bens, o agradecimento é dirigido e oferecido ao Profeta.

E as cenas do religioso com pessoas ou crianças,estas em circulo escolar ou individualmente, ensinam o benefício da espiritualidade ligada ao Profeta.O ponto de partida de cada lição é sempre um episódio de sua vida, na guerra ou na paz. Retira-se dele a conclusão moral, em ritmo de método extremamente eficaz e belo.

O gestual da oração também tem sua beleza. Ajoelhados, no final de cada uma delas, olham à direita e à esquerda, como que dizendo que cada um é um Eu e mais os outros, uma simbologia da solidariedade.

Esse palco cinematográfico exerce importância capital na construção da identidade de povo e na criação de um sentimento de nação.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro

Postagens relacionadas

Todos seremos investigados

Redação 1

Neurociência da vida cotidiana (12): Personalidade 

William Teodoro

Todos pelo SUS

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade