Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Rico por noventa dias
Nos áureos tempos em que os bancos procuravam clientes para oferecer dinheiro para empréstimo a juros subsidiados. Quando a “Lei da Usura” determinava que se alguém cobras­se acima de 3% de juros era crime e considerado agiota com penalidades severas, os “vivaldinos” se aproveitavam da situ­ação e colocavam na prática a lábia própria dos “171”, estelio­natários. Havia um cidadão, excelente profissional que estava em todas as festas e vivenciava a vida dos ricos e poderosos da cidade. Sempre privilegiava as suas esposas colocando-as nos pedestais do hight society. Escrevia em alguns jornais e colocava as fotos dos eventos mais “incríveis e maravilho­sos”. Quando era gerente de banco, ele idolatrava. Com isso, obtinha facilidades que os comuns dos mortais não conse­guiam, mesmo naqueles tempos de bonança.

Da gramática á prática
O vivaldino estudou direito e sabia dos limites que a lei lhe oferecia para não tangenciar crimes a serem punidos com pri­são ou coisa parecida. Algumas vezes que foi condenado por onde passou teve como determinação judiciária o pagamento de cestas básicas e algum tipo de trabalho comunitário, o qual fazia e conseguia atrair mais “fregueses” para seus negócios. Solicitava empréstimos vultosos a juros subsidiados, auto­rizados pela matriz dos estabelecimentos bancários, direto. Comprava carros, os mais caros e importados, e desfilava pela cidade com muitos amigos, visitando as casas dos mais endi­nheirados nas festas para as quais era convidado. Passados noventa dias da gastança o banco ingressava com o pedido de reintegração de posse. O cidadão não se dava por vencido. “Puxava o saco de outro gerente” e conseguia outro emprés­timo. Chegou ao ponto de comprar um avião de médio porte.

O avião
O nosso “cara de pau” chegou a comprar um avião bimotor em bom estado de conservação e com a revisão em dia. Foi ao banco, pegou empréstimo e saiu a voar com um piloto que não o conhecia nem em pessoa e muito menos pela fama. O custo da aeronave era alto. Combustível, taxas aeroportuárias, diária do piloto e alimentação. Ele não tinha com bancar estes “pequenos” custos. Ele convidava amigos para um passeio ao Rio, a Belo Horizonte e não dizia que haveria uma taxa. No meio do caminho, já em voo, dizia que precisaria colocar com­bustível no próximo aeroporto. O pessoal não negava fogo. Pagava. Outro pagava o almoço e do piloto, além das taxas aeroportuárias. Depois de um determinado tempo ninguém queria saber dos passeios do “171”.

Bancos recrudesceram
Os bancos em determinado momento recrudesceram e co­meçaram a negar os empréstimos para ele fazer a famosa “corrente”, ou seja, tirava de um para cobrir os outros e assim sucessivamente. Quando o avião foi apreendido virou notícia nos jornais da cidade. Houve uma “operação policial” para apreender a aeronave quando ela desceu no aeroporto para colocar gasolina de aviação. Ele devia no posto do aeroclube também. Acabou a ciranda financeira. Mas pensam que ele se emendou. Não.

Grande restaurante dançante
Depois de todas aplicadas e escrachadas ele conseguiu com­prar um grande restaurante em avenida famosa na época em que a sociedade dos endinheirados frequentava. Era mestre em não cobrar couvert e mesmo a conta de quem lhe inte­ressava. Por muito tempo foi levando de barriga. E ele tinha instrumento para tal, uma pança avantajada. Depois não deu mais. Caiu pelas tabelas. Ficou marcado e ninguém mais acre­ditava em sua lábia. Demorou, mas a torcida do contra aplau­diu, pois muitos foram vítimas do “cara de pau”. O nome… se você perguntar para quem viveu no passado ele ou ela saberá quem foi o dito cujo.

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