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Ipon na desigualdade: projetos sociais com judô

JF PIMENTA

Cléber do Carmo recorda­-se do primeiro contato que teve com o judô. Tinha 9 anos de idade. Era um menino tí­mido, vergonhoso e que ficava muito dentro de casa. Segundo ele, o pai era caminhoneiro e os contatos eram poucos por conta do trabalho e por isso era retraído. Mas tudo ficou para trás após colocar os pés no tatame. O judô mudou a vida do menino, mas por meio do judô, Cléber, hoje aos 48 anos, muda a vida de milhares de jovens e crianças em proje­tos sociais em Ribeirão Preto e outras 17 cidades.

Cléber do Carmo conheceu o judô aos 9 anos e não deixou mais de praticar. Além de atleta e professor, desenvolveu projetos sociais para atender crianças e jovens

“No início minha mãe relutou por que pensava ser algo violento. Mas era falta de conhecimento, pelo con­trário, judô é disciplina”, diz. As primeiras aulas foram no clube Palestra Itália com o professor Sérgio Luiz Bin. Aos 18 anos se tornou faixa preta.

Jovem, Cléber dividia os treinos com o trabalho em um estabelecimento comercial da família. Mas já investia em uma escola de judô, com as aulas ministradas por amigos. A escola cresceu e se tornou a Associação de Judô Corpo­re Sano. Nesta segunda-feira, 16 de setembro, a Associação completa 26 anos.

Há 10 anos, Cléber parti­cipava de um churrasco com amigos e surgiu uma proposta de começar um projeto social. “Pegamos R$ 50,00 de cada um para comprar o material esportivo para as crianças. As aulas eram dadas por nós, divi­díamos os dias”, lembra, Nascia ali o Educa Judô.

Cléber pensou em am­pliar o projeto e partiu para a Lei de Incentivo ao Espor­te. “Mas apesar do projeto ser bom, no início conseguimos captar perto de 60%. Não de­sistimos e demos sequência. Sabíamos que era algo viável e investimos em comunicação”.

A aposta deu certo. Em anos seguintes a captação foi total. Hoje são atendidas cerca de 5 mil crianças em Ribei­rão Preto e outras 17 cidades. Além do Educa Judô, outros projetos surgiram, como: Rumo ao Pódio (que visa dar apoio ao atleta de rendimento que surge dos demais); Judô em Ação (também com caráter social) e Judô Para Todos (que atendem pessoas com defici­ência da APAE). Um torneio, a Copa Judô, totalmente gratuito é outro projeto de sucesso.

Cléber diz ter vontade de ampliar os projetos. “O judô é a melhor ferramenta educacio­nal. Ela realmente forma crian­ças e cidadãos”, finaliza.

Cléber pensa em voltar a competir
Cléber do Carmo deixa claro que o judô faz parte da sua vida. Faixa coral (destinada ape­nas por méritos) e 6 Dan (graduações após a faixa preta), o judoca diz que conquistou os títulos que queria.

Cléber quer competir como veterano, em 2003 foi vice-campeão mundial em Tóquio

“Participei de 23 Jogos Abertos e foram 23 medalhas. Fui sempre muito competitivo como atleta e conquistei vários títulos. Gra­ças ao judô eu conheci 17 países. Falo que é graças ao judô porque minha origem é de família bem simples”, conta.

Ele pensa em voltar a competir. “Em 2003 representei o Brasil no mundial de vetera­nos, em Tóquio. Fui vice-campeão. Penso em retornar às competições”.

Além de atleta é representante da Federa­ção Paulista de Judô e árbitro internacio­nal. Em outubro volta para o Japão, onde acompanhará 16 atletas em um treina­mento especial visando o ciclo olímpico.

Sobre o que faltou na carreira ele não pensa duas vezes em responder. “Queria ter disputado uma Olimpíada. Mas a gera­ção era muito forte. A geração do Rogério Sampaio. Participei das seletivas. Eu tentei. Mas não tenho mágoas sobre isso, o Brasil foi bem representado”, finaliza.

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