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Bolsonaro insiste em culpar ONGs

ANTONIO CRUZ/ AG.BR.


Julia Lindner (AE)

O presidente Jair Bolso­naro (PSL) mostrou preo­cupação com a repercussão negativa de suas falas no ex­terior contra organizações não governamentais (ONGs), mas voltou a levantar nesta quinta-feira, 22 de agosto, suspeitas sobre as entidades. Segundo Bolsonaro, em ne­nhum momento ele acusou as ONGs sobre queimadas na Amazônia porque não há provas e, sim, “suspeitas”.

Em seguida, questionado por jornalistas sobre quem estaria por trás dos incêndios criminosos na Floresta Ama­zônica, Bolsonaro voltou a dizer que há “indício fortís­simo de que ONGs estão por trás das queimadas”. “São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu en­tender, um indício fortíssi­mo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É sim­ples”, reagiu.

Indagado se poderiam ser fazendeiros os responsáveis pelos incêndios, ele concordou. “Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs”, reforçou. De acordo com o presidente, as ONGs “perderam dinheiro” e “estão desempregadas”, por isso, te­riam interesse em fazer uma campanha contra o governo.

“Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso tá acontecendo, é um crime que está acontecendo.” Bolsonaro criticou a imprensa e disse que é “inacreditável” a forma como suas falas contra ONGs foram publicadas nos jornais.

“O Brasil vai chegar à si­tuação da Venezuela, é isso o que a grande imprensa quer”, declarou. “Se o mundo lá fora começar a impor barreiras co­merciais, nosso agronegócio vai começar a dar para trás, a vida de você (jornalistas) vai estar complicada como a de todos.” Para ONGs, decla­ração de Bolsonaro é “covar­de” e “sem base na realidade”. Acusadas pelo presidente de serem as “maiores suspeitas” pelo incêndio criminoso que se alastra pelo Amazônia nos últimos dias, as principais or­ganizações ambientais inter­nacionais e brasileiras reagi­ram às declarações.

“A declaração é, antes de tudo, covarde, feita por um presidente que não as­sume seus atos e tenta cul­par terceiros pelos desastres ambientais que ele mesmo promove no País”, disse ao Estado o coordenador de políticas públicas do Gre­enpeace, Marcio Astrini. “A Amazônia está agonizando e Bolsonaro é responsável por cada centímetro de floresta que está sendo desmatada e incendiada.” O WWF-Brasil afirmou que a prioridade do governo deveria zelar pelo patrimônio, e não criar “di­vergências estéreis e sem base na realidade” do que ocorre na região.

“O WWF-Brasil lamenta a nova tentativa do presidente Jair Bolsonaro de desviar o legí­timo debate da sociedade civil sobre a necessidade de proteger a Amazônia e, consequente­mente, combater o desmata­mento que está na origem dos incêndios fora de proporção que assolam o País e compro­metem a qualidade do ar em várias regiões”, declarou.

Facebook
Os incêndios florestais na região amazônica podem ser usados para prejudicar o se­tor do agronegócio do Brasil, disse Jair Bolsonaro durante live semanal no Facebook. Ele destacou que o governo trabalha para mitigar o pro­blema e pediu que as pessoas ajudem a denunciar práticas criminosas na área.

Maia vai criar comissão externa
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse em seu per­fil pessoal no Twitter que a Casa vai criar uma comissão externa para acompanhar o problema das queimadas que atingem a Amazônia. Além disso, o parlamentar informou que também vai realizar uma comissão geral nos próximos dias para avaliar a situação e propor soluções ao governo.

MPF pede informações
A Câmara de Meio Ambien­te e Patrimônio Cultural do Mi­nistério Público Federal (4CCR/ MPF) enviou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), chefia­do por Ricardo Salles, ao Institu­to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais Renová­veis (Ibama) e ao ICMBio ofício requisitando informações sobre as ações concretas realizadas pe­los órgãos para a prevenção de desmatamentos e incêndios na Amazônia Legal.

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