Tribuna Ribeirão
Política

Projeto cobra lista de ‘trenzinho legal’


A Câmara de Vereadores re­cebeu, na semana passada, pro­jeto de lei que obriga a prefeitura de Ribeirão Preto a disponibilizar, em seu site, a relação dos cha­mados “trenzinhos da alegria” legalizados. As chamadas “carre­tas-furacão” devem estar de acor­do com a lei municipal número 13.030/2013, que regulamentou este tipo de atividade na cidade.

De autoria da vereadora Glau­cia Berenice (PSDB), o projeto argumenta que a divulgação é necessária para incentivar a regu­larização e promover a segurança dos usuários. “Para tanto, a página oficial da prefeitura é o meio mais adequado para tornar pública a re­lação dos veículos regularizados”, diz parte do texto. A parlamentar é autora da lei que regulamenta os equipamentos na cidade.

Dos cerca de 30 “trenzinhos da alegria” existentes em Ribeirão Preto, apenas oito estão regulari­zados (26,6%), dois em fase de legalização (6,6%) e nove pro­prietários (30%) ainda não se adequaram à legislação muni­cipal criada há cinco anos por iniciativa da vereadora Gláucia Berenice (PSDB). Outras onze “carretas-furacão” são conside­radas clandestinas (36,6%) e não reconhecidas pelo Departamento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal da Fazenda

O departamento é um dos ór­gãos responsáveis pela fiscalização dos equipamentos e por garantir o cumprimento da legislação que trata do assunto. Os dados sobre o total de clandestinos é do próprio setor. Cabe à Fiscalização Geral a legalização destes equipamentos e a verificação se seguem as normas e se respeitam, por exemplo, o li­mite máximo de 55 decibéis de barulho de permitido pela Lei do Silêncio, que estabelece res­trições para a geração de ruídos durante dia e noite.

Outras instituições como a Polícia Militar, Empresa de Trân­sito e Transporte Urbano de Ri­beirão Preto (Transerp) e a Guar­da Civil Metropolitana (GCM) também tem o dever de fiscalizar estes equipamentos, em quesitos como segurança, condições e do­cumentação dos veículos e cir­culação fora do horário permi­tido. A “Lei dos Trenzinhos” foi aprovada pela Câmara em 2013, sancionada e regulamentada no mesmo ano pela então prefeita Dárcy Vera (sem partido), mas nunca foi devidamente cumprida pelos donos das carretas.

Entre os grandes problemas que inibem a fiscalização está o horário de atendimento dos de­partamentos municipais respon­sáveis, que só funcionam de se­gunda a sexta-feira até as 18 horas, e os trenzinhos, em geral, atuam à noite e nos finais de semana. A última reunião realizada para discutir o assunto foi realizada na Câmara, em 1º de março, e teve a participação de Gláucia Berenice, do juiz da Vara da Infância e da Ju­ventude, Paulo Cesar Gentile, e do promotor da Infância e Juventude, Alexandre Marques Pereira.

Também participaram repre­sentantes da Defensoria Pública, Guarda Civil Metropolitana, Se­cretaria da Assistência Social, Po­lícia Militar e dos proprietários de trenzinhos da cidade.
O objetivo foi orientar os mo­toristas quanto à legalidade no transporte de crianças e adoles­centes. Na reunião também ficou estabelecido que quando for cons­tatada a irregularidade o veículo será levado até o local de onde ele saiu para o desembarque dos passageiros. Depois será recolhido pela Polícia Militar.

Vale lembrar também que no caso do descumprimento da lei os proprietários dos trenzi­nhos estarão sujeitos a penas que vão da advertência até a cassação da licença pelo período de dois anos, além de multa no valor de 100 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps, neste ano cada uma vale R$ 26,53), o equi­valente a R$ 2.653,00. No caso dos clandestinos, os veículos também serão apreendidos. Na reunião, o juiz Paulo Cesar Gentile re­comendou o recolhimento dos chamados “trenzinhos da ale­gria” com crianças desacompa­nhadas dos pais ou responsáveis e dos veículos que não cumprirem a legislação do setor.

As orientações passadas pelo juiz e pelo promotor pretendem ainda coibir os cortejos de masca­rados que seguem os “trenzinhos da alegria”. De acordo com Tony Leme, presidente da Associação dos Trenzinhos da Alegria, pes­soas fantasiadas seguem espon­taneamente os veículos em folias. A afirmação é contestada por populares que denunciam esses personagens como funcionários das “carretas-furacão”. Na noite de 18 de dezembro, no Jardim Alexandre Balbo, um motorista embriagado e em alta velocidade atropelou três jovens que seguiam um desses veículos. Um rapaz de 17 anos morreu.

Em 2018, a Polícia Militar recebeu 297 queixas sobre baru­lho, confusão ou bloqueio de vias envolvendo os veículos, de som alto (principalmente) a menores trabalhando, consumo de bebidas alcoólicas e músicas inadequadas para crianças com enfoque sexual –, transporte e comportamento de risco. Os bairros com o maior nú­mero de reclamações são Planalto Verde, Portal do Alto, Dom Miel­le, Jardim Irajá, Ipiranga, Campos Elíseos, Santa Cruz e Jardim Botâ­nico, mas ocorrem isoladamente em vários pontos da cidade. A pre­feitura diz que fiscaliza a atividade e pede à população que denuncie abusos através do telefone 156.

Postagens relacionadas

Vereadores investem no tema da pandemia

Redação 1

Ciro Gomes diz que Brasil precisa mudar

Redação 1

Sevandija gera nova condenação

William Teodoro

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade